segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

III Trail Transfronteiriço de Barrancos - 28 de Novembro de 2015

A deslocação até Barrancos começou na noite anterior à prova com uma comitiva de 4 elementos da minha cidade. Dois de nós iríamos à prova grande e outros 2 à prova mais curta. Chegados a Barrancos dirigimo-nos até ao restaurante para jantar, as primeiras  pessoas que encontrei foram o casal maravilha Isa e Vitor. Após trocarmos umas palavras, onde falámos sobre o "corte" do km 41, descobrimos que íamos jantar no mesmo restaurante. Depois do jantar fomos levantar os dorsais e fomos até ao bonito Parque Natural de Noudar, no Monte da Coitadinha, onde pernoitámos. No dia seguinte acordámos cedo para comer alguma coisa e dirigimo-nos até Barrancos. A partida foi dada no Parque de Exposições de Barrancos. A prova estava muito bem composta, com muitos espanhóis presentes. Comecei calmamente sem grandes velocidades para não quebrar muito durante a prova. Após umas curtas mas íngremes rampas fomos por uns trilhos muito simpáticos, pelo meio das árvores onde encontrei a primeira "celebridade" do mundo das corridas o inquebrável João Campos que estava a tirar a sua camisola de lenhador porque já estava em brasa como ele conta no sua página. Umas centenas de metros mais à frente, surge a primeira dificuldade da prova, uma descida infernal muito inclinada com o piso muito solto a complicar ainda mais. Chegados ao km 2.5. uma subida muito íngreme com a inclinação a chegar quase aos 22%!  Voltámos a entrar em Barrancos após esta grande subida. Correndo por dentro de Barrancos as pessoas aplaudiam e incentivavam os atletas. Como Barrancos não é plano fomos sempre a descer pelas ruas até sairmos da localidade. Às tantas vejo o Bernardo F. um atleta dos Esquilos e da equipa Decathlon. Seguimos alguns kms juntos, na conversa e gerindo o esforço. Deixei o Bernardo para trás mais ou menos no 10 km, numa longa e algo perigosa descida. Pensei que me apanharia no abastecimento. O segundo abastecimento (não cheguei a ver o primeiro) foi sensivelmente ao 12km. Parei alguns minutos para beber água, isotónico e comer fruta para seguir para uma longa e penosa subida. Uns 2/3km mais à frente começamos a encontrar o pessoal da caminhada que vinha em sentido contrário, todos bem dispostos, batendo palmas e dando algumas palavras de incentivo. 



Nesta altura aproximou-se um atleta de Alcobaça que meteu conversa comigo, fomos juntos,  com ele a puxar por mim até ao 4 abastecimento, cerca do 29km. O perfil da prova alterou-se um pouco já que descemos até ao 3 abastecimento que se situava na bonita ponte da Pipa. Ele aproveita para falar com o pai, que estava no abastecimento, enquanto eu abasteço de líquidos e sólidos. Seguimos depois juntos, até ao bonito parque de Noudar, primeiro por estradões para depois passarmos a single tracks. 


Ao 20km ultrapassamos uma valente subida para chegarmos a um cerro elevado, inclusive lembro-me de ter comentado que seria o ponto mais elevado da prova.... Descemos até à ribeira por um trilho perigoso, muito inclinado e com pedras e terra solta. Junto à ribeira a paisagem era deslumbrante, só apetecia tirar a roupa, dar um belo mergulho e ficar por ali o resto do dia. O percurso subiu um pouco mais para nos afastarmos da ribeira e voltarmos a descer novamente até à ribeira. Nesta parte as minhas sapatilhas Ultra Raptor justificaram totalmente o investimento porque o percurso tinha muita pedra solta e por vezes andámos em cima de rochas. Eu não tive qualquer tipo de problema de dores, feridas ou escorregadelas durante toda a prova. Chegados ao 26.5km por falha nossa ou insuficiente marcação, seguimos em frente por dentro de uma vedação. Não fomos só nós a enganar-nos, mais dois atletas seguiriam em frente cortando caminho... Voltámos um pouco atrás e verificámos que as fitas estavam à direita, com este desvio fizemos mais cerca de 1km. O quarto abastecimento situava-se precisamente no local onde tinha pernoitado na noite anterior, no Monte da Coitadinha. Neste abastecimento demorei alguns minutos porque precisava de comer e beber bem. O meu companheiro seguiu quando se despachou, ficou combinado tentar encontrá-lo mais à frente. Saí do abastecimento e fui no encalço de um atleta que foi a minha companhia até ao final da prova o Joel José Ginga. Saídos do abastecimento fomos dar uma grande volta e seguir o traçado da ribeira. O percurso até ao Castelo de Noudar foi difícil mas muito bonito. Chegámos a correr no meio de porcos pretos e vacas. Chegados, finalmente, ao bonito Castelo de Noudar o Joel ficou a tirar fotos enquanto eu segui devagar. Cheguei ao 5 abastecimento onde havia apenas água, descansei e conversei enquanto não chegou o Joel.  Descobri que a parte mais difícil da prova situava-se nesta pequena volta de cerca de 5km. Inicialmente o percurso descia até ao Rio Ardila para depois ser muito técnico com necessidade de fazer escalada em alguns momentos. O Joel sentiu algumas dificuldades pois as sapatilhas dele estavam um pouco gastas e não tinha muita tracção. Em relação às minhas Ultra Raptor, nem se queixavam, agarravam e protegiam os meus pés. Após chegarmos ao cruzamento da ribeira com o rio Ardila começámos a voltar novamente para o Castelo. Por vezes íamos a caminhar para recuperar. Quando começámos a subir novamente em direcção ao Castelo encontrei novamente o Bernardo F. que vinha algo debilitado, dei-lhe alguma força e disse-lhe para ter cuidado na parte mais técnica da prova. Chegados ao interior do Castelo, volto a encontrar o meu colega anterior, o de Alcobaça. Estava cansado e estava há alguns minutos a comer e a recuperar. Ele seguiu novamente e eu fiquei com o Joel a comer uma bela sopa de legumes e a beber coca cola. Aproveitei para falar com a família , informando que estava tudo a correr bem, estando apenas cansado. Neste abastecimento já estavam muitos desistentes ora por estarem exaustos ora por já não conseguirem dar a "voltinha" de 5km até ao rio Ardila. Saímos do Castelo sabendo que já faltava pouco e muito provavelmente a pior parte da prova já tinha passado. Mas enganámo-nos, já que o senhor Ico decidiu voltar a complicar as coisas, metendo uma parte muito técnica junto ao rio. Felizmente a paisagem era deslumbrante e a claridade do final do dia tornava o cenário digno de Hollywood. Às tantas começamos a correr no meio de uma vara de porcos pretos. Só quem corre na Natureza e nas provas de trail consegue ver e sentir tudo aquilo maravilhoso que passei naquele final de tarde. Encontrámos o último abastecimento por volta do 47km.



 Uns curtos minutos depois arrancámos para correr novamente num estradão que iria dar novamente à ponte de Pipa. Aqui voltei a detectar uma falha na marcação do percurso, pois num primeiro momento da prova viemos da esquerda da ponte e o percurso nesta fase era para seguir para a direita não havendo fitas visiveis para a direita. Quando passámos a ponte o percurso era bonito com um moinho junto à água numa fase inicial para depois a fazer-se a subir mas por um bonito trilho por entre as árvores. Liguei aos meus companheiros para avisar que estava a chegar. Sabia que estávamos perto do final, comecei a forçar o andamento, ainda que a subir, mas estava empolgado porque já faltava pouco. 



Comecei a puxar pelo Joel para não sermos ultrapassados por dois atletas que vinha no nosso encalço. Já dentro do parque de exposições o pessoal da minha cidade começa a bater palmas. Termino a prova com o tempo oficial de 8h41m27s. Terminei classificado em 72º em 124 que terminaram a prova. Após cortar a meta peço uma garrafa de "óleo para as articulações" e fico a beber uma bela e merecida cerveja preta. Em jeito de conclusão, gostei muito da prova com muitos aspecto positivos, a paisagem deslumbrante, as partes técnicas, a simpatia dos elementos da organização, bons abastecimentos. Como aspectos negativos destaco algumas falhas de marcação (mas sem comprometer), algumas partes do percurso serem comuns o que poderia originar algum acidente. Recomendo a prova a todos os amantes do trail. 


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